Curitiba, 14 de agosto de 2014.
Querido blog:
A ideia do blog é
de ser um diário virtual, hoje vou aproveitar por ter um blog para contar um
pouco da minha experiência como professora para contar um pouco sobre o meu
cotidiano.
O meu cotidiano
escolar, como professora já a quase 7 anos, é bem interessante, pois tenho a
oportunidade de a partir do meu convívio com meus alunos, aprender a cada dia
mais. É interessante ver que com o passar dos anos, mesmo eu tendo saindo do
ambiente da dança e ter ido para a área da filosofia, a presença estética é
muito forte. A sociedade tradicional e heteronormativa sempre entra em conflito
com a postura do outro, dada a expectativa que temos quanto os “padrões que deveriam
ser aceitos pela sociedade”. Gosto de pensar na questão da liberdade, de que as
pessoas tem opiniões diferentes e afins, mas, os moldes “do que deveria ser
certo/aceito”, nossa, como é forte no cotidiano.
Lembro-me no inicio
do ano quando eu fazia várias comparações de comportamentos éticos em geral,
tentando tirar meus alunos do senso comum e mostrar alguns problemas quanto a
questões de valor de juízos dentro da possibilidade de ações cotidianas. Achei
muito interessante ver o posicionamento quanto a padrões referentes a
tatuagens, que nos dias de hoje, pelos jovens, é tido como algo “legal”, e de
certa forma normal. Pensei, opa, não vou ter problemas em dias de calor, isso
que nem tenho tantas tattoos assim... Mas resolvi externar meus gostos um pouco
mais além, modifiquei meu corte de cabelo fiz umas mechas coloridas no
cabelo... E passei por algumas situações estranhas, já que expressões de gosto
e liberdade fazem parte tanto do meu cotidiano quanto intelecto. A franja,
hunnnn, cabelo curto... Como se não bastasse os alunos fazerem comentários
indelicados, ainda teve um dia em que um aluno agarrou a mecha colorida, puxou
com força e gritou em tom de repreensão: PROFESSORA O QUE É ISSO NO SEU
CABELO?!?!?
Sempre soube que
meu cabelo era quase um patrimônio dos outros, e não meu... Já tive cabelo
longo, num fio só, detonei meu couro cabeludo com técnicas de alisamento, já
fui loira de cabelo cacheado e de olhos azuis, mas por que ser morena com
mechas laranjas chocou tanto os meus alunos? Fãs de Demi Lovato e Katty Perri?
(Desculpem-me fãs se escrevi o nome das divas teens da moda errado) Quantos
pagodeiros e sertanejos não fazem isso? Pintar o cabelo está sendo considerado “mais
agressivo” que tatuagens... Mas está muito interessante porque isso não esta
acontecendo só no colégio onde trabalho; na universidade já passei por
repreensão com um cara que tinha o cabelo descolorido, só que o dele é loiro, e
as minhas mechas são laranjas... Além de pessoas com mais idade que puxavam
assunto comigo na rua e agora me olham torto.
Continuo com o mesmo
número de rg e cpf; minha essência humana também não se modificou, continuo com
as mesmas crenças e virtudes; trabalho, continuo estudando; pago minhas
contas... Onde foi que eu ofendi estas pessoas? Agora esta muito interessante
quando as pessoas percebem que sou educada e humana, incrivelmente, elas se
assustam!
Sou contra rótulos,
mas não sei se dou risada da situação ou me preocupo. Penso na sociedade como
uma série de “modinhas” expostas por aí. Não saberia chegar a uma conclusão
para este “desabafo” da minha nova rotina profissional. O mais importante que
de todas estas modificações as quais estou sendo julgada de forma mais
criteriosa pela sociedade, estou muito feliz por ver que aqueles que antes me
julgavam apenas pelas minhas tatuagens aprenderam a conviver comigo, e que hoje
riem de perceber que os outros estão me julgando pela minha aparência, pois
aprenderam a não julgar um livro pela capa.
Com carinho
Ao meu querido blog
escolar e profissional.
Priscilla
Professora
Especializada, Mestranda
( Bri, um ser humano )
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