segunda-feira, 8 de maio de 2017

1ºs: FILÓSOFOS DA NATUREZA

OS ANTIGOS FILÓSOFOS TINHAM SEUS SOBRENOMES A PARTIR DO LOCAL ONDE NASCIAM

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- OS SETE SÁBIOS -



Sete Sábios ou Sete Sábios da Grécia era um nome utilizado para se referir a sete filósofos, juristas e estadistas do início do século VI a.C., que com o passar dos séculos ganharam renome devido à sua sabedoria. O conhecimento destes acabou por ser resumido em um aforismo (pequena máxima ou afirmação sobre determinado assunto) memorável atribuído a cada um​​, e seus ensinamentos e frases tornaram-se um guia para a vida cotidiana. De acordo com a tradição que se formou, cada um dos sábios representa um aspecto do conhecimento prático.
Na verdade, a relação destes sete sábios variou bastante, mesmo em épocas mais antigas. Platão fornece a mais antiga lista, mas a relação de sábios, aforismos e atribuições variam​​. 

Tales de Mileto


Segundo a tradição clássica da filosofia ocidental, o primeiro teórico a formular um pensamento mais sistemático fundado em bases racionais foi o grego Tales (cerca de 625 a.C. – 558 a.C.). Sendo o fundador dessa nova forma de pensar, ele é considerado o primeiro filósofo de que se tem notícia, inaugurando a linhagem filosófica dos pré-socráticos (filósofos que vieram antes de Sócrates).

Nascido na cidade de Mileto, uma colônia grega na região da Jônia (atual Turquia), Tales foi matemático, astrônomo e negociante. Herdeiro de conhecimentos ainda mais antigos — como a matemática egípcia e a astronomia babilônica — Tales era tido em sua cidade como um sábio, mas também como um homem prático: conta-se que, utilizando suas habilidades, soube prosperar como um hábil mercador.

O que sabemos sobre as ideias desse filósofo resulta de comentários feitos pelos pensadores gregos que o sucederam, pois não há preservados registros escritos de sua autoria. As principais referências que temos a seu respeito vêm do filósofo Aristóteles.

Tales inaugurou na filosofia a corrente dos pensadores “físicos”: filósofos que buscavam entender e explicar a origem da physis — palavra grega traduzida como natureza, mas cujo significado engloba também a ideia de origem, movimento e transformação de todas as coisas.

Segundo Tales, a origem de todas as coisas estava no elemento água: quando densa, transformaria-se em terra; quando aquecida, viraria vapor que, ao se resfriar, retornaria ao estado líquido, garantindo assim a continuidade do ciclo. Nesse eterno movimento, aos poucos novas formas de vida e evolução iriam se desenvolvendo, originando todas as coisas existentes.

Lançando um olhar crítico, tornam-se evidentes as brechas neste raciocínio. Por exemplo, o que dá início a este movimento e o que o mantém? Como um único elemento, a água, poderia se transformar em outra coisa?

Essas falhas, que aos olhos científicos de hoje são evidentes, eram vistas de outra forma na época. Vale lembrar que no momento em que as ideias de Tales foram criadas, os pensamentos racional e filosófico ainda eram bastante povoados por elementos mágicos e mitológicos. Portanto, para um grego antigo, a ideia de que uma coisa simples como a água pudesse se transformar em outra coisa não era absurda.

O grande mérito de Tales, na verdade, não foi a sua explicação aquática da realidade: foi o fato de que, pela primeira vez na história, o homem buscava uma explicação totalmente racional para o seu mundo, deixando de lado a interferência dos deuses.
Tales pode ser tido também como o pai da filosofia unitarista — que busca a explicação de todas as coisas a partir de um único princípio (no caso dele, a água) — e que teria seu maior expoente na figura de Heráclito de Éfeso.

A partir de sua teoria, diversos filósofos pré-socráticos buscaram seus próprios caminhos para explicar a physis. Tales, Anaximandro e Anaxímenes formaram o trio da chamada Escola de Mileto e ficaram conhecidos como os physiologoi (estudiosos da physis). Era o início da filosofia e do esforço humano em compreender o espetáculo da existência a partir da racionalidade.





 - ANAXIMANDRO - 

Anaximandro de Mileto (610 a.C.- 547 a.C.) foi discípulo de Tales. Assim como seu mestre, procurou compreender o princípio (arkhé) que origina toda a realidade. Porém, em suas investigações, não encontrou em nenhum elemento físico este princípio, mas no que chamou de ÁPEIRON.

Segundo Anaximandro, é a partir da transformação de cada coisa no seu contrário, isto é, da mudança entre pares de opostos da realidade, que podemos perceber que elas estão imersas em um turbilhão infinito, ilimitado, indeterminado, mas que determina e limita todos os seres. A este turbilhão original denominou ápeiron.

Para o nosso filósofo, pares de contrários são, por exemplo, quente-frio e seco-úmido. Isto quer dizer que em cada coisa somente um de cada par pode existir, não podendo, pois, coexistirem em um mesmo objeto, o quente e o frio. Por isso percebemos a ordem nesta determinação. Mas se nenhuma predomina eternamente (pois uma só existe quando a outra não está presente) é porque devem ser determinadas por algo extrínseco (fora) a elas, algo ilimitado, mas que as limita, o ápeiron (ilimitado, indefinido, indestrutível, indeterminado).

Assim, o que tem geração ou início tem também fim. E a mudança dos seres não pode em si e por si mesmos se determinar. Logo, a solução encontrada por Anaximandro de um princípio sem limites, sem fim e sem determinação, era o ápeiron.



 - ANAXIMENES - 

Anaxímenes de Mileto (585 a.C.-528 a.C.) também fez parte da Escola Jônica. Foi discípulo de Anaximandro e como este, também afirmou ser uma só a natureza ou princípio (arkhé) subjacente a todas as coisas. No entanto, mesmo que acreditasse ser este princípio ilimitado, não o pensou ser indefinido.

Anaxímenes acreditava ser o AR o princípio que originava todas as coisas no universo. Conforme seu pensamento, por um processo de condensação, o AR se transformava em objetos líquidos e sólidos (pedras, metais, terra, água e etc.). E por outro processo, a rarefação, o AR se transformava em gases, ventos, oxigênio e fogo.

O filósofo também pensou ser a alma feita de ar, observando que o vivente respira (refrigera o corpo) enquanto que o morto não o faz. Por isso, até hoje temos o costume de dizer “saúde” a quem espirra. É que para os seguidores de Anaxímenes, o espirro é como se a alma tivesse saindo do corpo e desejar saúde é um modo de orar, de pedir aos deuses para que ela retorne ao corpo, restabelecendo a harmonia do ser. E mesmo não tendo consciência disso, herdamos o costume, como também herdamos muito do pensamento grego em nossa cultura ocidental.




 - HERÁCLITO - 

Heráclito de Éfeso (540 a.C. a 470 a.C.), como o próprio nome indica, nasceu na cidade de Éfeso. Foi considerado um dos filósofos mais fascinantes, apesar de suas ideias confusas, o que resultou no apelido de “O Obscuro”. Esse cientista transmitia seus ensinamentos na forma de jogos de palavras e charadas.

Em razão da forma de expor seu pensamento, as ideias de Heráclito provocam debates acirrados há mais de vinte séculos. Os gregos e romanos já discutiam sobre ele e, mais tarde, foi tema de debates entre cristãos e muçulmanos. Já na filosofia moderna e contemporânea, sempre ressurgem assuntos ligados a esse cientista.

O filósofo possuía um caráter altivo e melancólico, recusou-se a intervir na política, manifestou desprezo pelos antigos poetas, era contra os filósofos de sua época e até contra a religião.

Heráclito nomeou o princípio organizador que governa o mundo de “logos”. São dele as seguintes frases:

"Da luta dos contrários é que nasce a harmonia.”

“Tudo o que é fixo é ilusão.”

“Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio.”

“Não escutem a mim e sim ao logos.”

“Das coisas surge a unidade. E, da unidade, todas as coisas.”

Principal ideal de Heráclito

Ele queria transmitir a ideia de que tudo que existe é uma manifestação da unidade da qual o homem faz parte. As transformações, segundo o filósofo, são consequências da tensão entre os opostos, da ação e reação. Segundo ele, o sol é novo a cada dia e o universo muda e transforma-se infinitamente a cada instante. Para exemplificar, compare essa ideia com o símbolo taoista de Ying e Yang:


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Como se vê, os opostos fazem parte de um único todo. Esse símbolo representa a teoria que afirma que tudo está em um fluxo constante, mantendo uma unidade absoluta por meio do “logos”. Essa teria sido a grande descoberta do cientista: existe uma harmonia oculta das forças opostas, como a do arco e fecha.

Por que “Filósofo do fogo”?

Heráclito recebeu o nome de filósofo do fogo porque defendia a ideia de que o agente transformador é o fogo. Ele purifica e faz parte do espírito dos homens. Esses conceitos inspiraram os primeiros cientistas que exploraram na prática a união do material e o imaterial por meio do fogo: os famosos alquimistas.

- PARMENIDES DE ELÉIA - 

Filósofo pré-socrático, matemático e poeta grego, natural de Eléia, hoje Vélia, na Magna Grécia, sul da Itália, entre o pontal Licosa e o cabo Palinuro, que inaugurou o pensamento metafísico que, sistematizado no platonismo, entende como ilusório o mundo dos sentidos. 

Reconhecido já na antiguidade como um sábio importante, a maior figura da escola a que pertenceu, talvez o mais profundo de todos pressocráticos. Sabe-se que como legislador em Eléia, deu leis aos seus concidadãos, o que significa haver ocupado posição de destaque em sua cidade, uma então recente fundação dos jônios. Lá teria também fundado uma escola semelhante aos institutos pitagóricos, para o ensino da dialética, foi discípulo do pitagórico Amínias e seguidor de Xenófanesde Cólofon. 

Seus seguidores, os eleáticos, entre os quais o mais famoso foi Zenão (também escrito Zeno ou Zenon) de Elea, opunham-se às idéias numéricas dos pitagóricos, ao mobilismo de Heráclito e à toda a filosofia jônica, atacando os conceitos de multiplicidade e divisibilidade, defendendo, em oposição, a unidade e a permanência do ser. Admirado por Aristóteles e por Platão, que deu seu nome a um dos Diálogos e em O Sofista o denominou de O Grande Parmênides. 

Formulou pela primeira vez o princípio de identidade, segundo ele o que está fora do ser não é ser, o não-ser é nada, portanto o ser é um. Sua principal e única obra conhecida e da qual ainda restam fragmentos, é um longo poema filosófico em duas partes e 150 versos, Da natureza ou Sobre a verdade, onde dois terços se referem à metafísica e um terço à física. Defendia a forma esférica da Terra. 



 - PITÁGORAS - 

Mais conhecido pelo teorema que leva seu nome, Pitágoras de Samos foi um filósofo grego do final do século VI a.C., responsável pelo surgimento da palavra "matemática", e sua concepção como um sistema de pensamento baseado em provas dedutivas, e também pela fundação da Escola Pitagórica, reconhecida como a primeira universidade do mundo. Este é um título mais honorífico do que uma classificação real, uma vez que a Escola Pitagórica se aproximava mais do que chamaríamos hoje de guilda. Embora poucas informações sejam realmente confiáveis sobre a vida e teorias de Pitágoras, pois a maior parte das informação sobre o filósofo foram escritas séculos após sua morte. Sabemos, através de do filósofo grego Aristóteles, que Pitágoras considerava a si mesmo um observador da natureza e que este seria, em sua visão, o propósito de sua existência.
Muitas descobertas matemáticas, astronômicas, musicais, médicas e científicas são atribuídas a Pitágoras, além do famoso Teorema de Pitágoras, que relaciona os lados do triangulo, provando que a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa, o que possibilitou a descoberta dos números irracionais e o surgimento do conceito de raiz quadrada através da aplicação do Teorema de Pitágoras a um triangulo cujos catetos possuíam valor 1. Pitágoras também foi reconhecido em seu tempo por contribuições na esfera religiosa tendo praticado adivinhação e profecia, especialmente na cidade de Croton, aparecendo em Delfos, Esparta e Creta como sacerdote e guia religioso.
Embora alguns textos sob o nome de Pitágoras tenham circulado na antiguidade, a autenticidade destes é questionada, uma vez que antigos membros da escola pitagórica costumavam citar Pitágoras pela frase "autos ephe", significando "ele mesmo disse", o que segundo Aristóteles indicaria a natureza oral destes ensinamentos. De acordo com Sir William Smith, em seu Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology de 1870, tudo o que sabemos dos escritos de Pitágoras, através de citações de autores como Xenofanes, HeródotoPlatão, Aristóteles e outros, dá conta de que haviam dois livros, um primeiro contendo uma descrição geral da origem e disposição do universo. O secundo sendo uma exposição da natureza dos números, os quais, de acordo com a teoria pitagórica, são a essência e fonte de todas as coisas.
Ainda, de acordo com Smith, muitos dos desenvolvimentos atribuídos a Pitágoras na verdade seria produto do trabalhos dos pitagóricos, descendentes intelectuais de Pitágoras e membros de sua escola. Fascinados pela matemática, iniciada por seu mestre, estes chegaram a defender que os princípios da matemática eram os princípios de todas as coisas. De fato, muitos pesquisadores questionam se Pitágoras teria contribuído muito para a matemática e filosofia natural. O que sabemos, por fontes confiáveis, é que os números possuíam importância crucial para sua filosofia, que ele foi o primeiro a usar o termo "filósofo", ou "amante da sabedoria", para referir-se a si mesmo, que sua escola foi a primeira a fazer a classificação aritmética dos números em pares, ímpares, primos e fatoráveis, e que suas ideias influenciaram Platão e, através dele, toda a história filosofia, motivo pelo qual, se supõe, mais é atribuído a ele do que se pode confirmar.





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